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Marcha à Brasília e o debate entre a esquerda

[Marcha à Brasília e o debate entre a esquerda]

Berna Menezes

Acompanho atentamente os artigos do Correio da Cidadania, não só pela batalha de Plínio para mantê-lo como instrumento dos que seguem resistindo e lutando por um país diferente, justo, fraterno, e, portanto, socialista, mas também para acompanhar artigos de gente como Waldemar Rossi, o qual nutro grande admiração não só por sua trajetória, mas como exemplo para os militantes sociais deste Brasil.

 
Neste sentido foi com surpresa que li seu artigo do dia 25 de outubro sobre a Marcha à Brasília, organizado pela Intersindical, Conlutas, Pastorais e partidos de esquerda. A atitude do PSOL nesta marcha vitoriosa, ao contrário do que foi relatado, foi não só responsável, disciplinada, mas correta. Em primeiro lugar o PSOL mobilizou seus militantes em todo o país, colocando vários ônibus para construir a marcha. Portanto, esteve na construção ativa da mesma. E, sobre o polêmico final, como todos devem lembrar, o Ato em frente ao ministério já havia terminado e os companheiros do PSTU começaram a chamar os presentes a acompanhar os estudantes para ir ao MEC, quando o acordo era ir para a frente do Congresso. Outra correção é que a pizzaiada a qual se refere o companheiro era organizada pelos companheiros da própria Conlutas e não do PSOL, e que por sinal estava muito divertida. Os militantes do PSTU estão corretos, estão fazendo sua disputa, seu centro é fortalecer a Conlutas e o PSTU, cabe a nós nos submeter ou não a esta linha. O PSOL não se submeteu.
 
Foi correto ir para a frente do Congresso
 
O eixo da marcha foram as reformas do governo Lula, em especial a da Previdência. Este governo que é composto por 45% de seus cargos de direção por ex-sindicalistas. A maioria deles estão vendendo os direitos dos trabalhadores conquistados por duras lutas durante o último século, pelo menor preço e essa negociata é realizada no Congresso Nacional.  É lá que será votada a Reforma da Previdência, é lá que o direito de greve vai ser jogado na lata do lixo. Portanto, nada mais justo e educativo que cercar esse congresso afogado na lama da corrupção. Que autoridade tem os deputados e os senadores para tocar em direitos conquistados com a luta, prisão e morte de gerações de companheiros. O problema aqui não é o Renan, mais o que ele representa. Aquele que pensa que pode separar a luta econômica da política está despolitizando o movimento. Armar esta resistência nascente de que a luta é só sindical é desarmá-la. A direção do PSOL e seus parlamentares agiram corretamente. Pode-se fazer várias críticas a estes companheiros e possivelmente muitas delas com razão, mas eles tem dado uma batalha heróica dentro do Congresso Nacional. Uma verdadeira guerra de guerrilha, para ser parte da luta pela defesa de nossos direitos. O próprio PSOL tem muitos erros, porque  nasceu não de uma grande vitória da classe, mas de uma das maiores derrotas que foi a traição do PT-CUT-Lula. Mas ele tem um mérito enorme, é sua luta para que a classe trabalhadora não abandone a disputa política. Neste país, assim como a riqueza, a renda, a terra, a política também está concentrada nas mãos de poucos. 
 
Termino dizendo que o PSOL é um partido que nasce do esforço de abnegados militantes, muitos dos quais abriram mão de seus cargos, como a própria Heloísa Helena - que tiveram a coragem de fundá-lo em uma conjuntura adversa. Mas também somado com uma segunda leva de militantes sociais liderada pelo companheiro Plínio de Arruda Sampaio, parlamentares como Chico, Ivan, João Alfredo e outros, além de cerca de 400 sindicalistas como Índio, Arley, Francis, Jorginho, Lujan, que deram presença nacional a esta trincheira nas últimas eleições. Portanto, devido ao nosso pouco tempo de existência, somos passíveis de erros, mas não este que nos estão imputando. Me estimulei a escrever menos pela defesa do PSOL, mas sim pela enorme importância que dou a opinião do Waldemar, a quem como já declarei, nutro um enorme carinho e respeito e com quem tenho orgulho de conviver na batalha pela construção da Intersindical.
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